Editoria: Matéria do meio


Matéria de capa sobre meio ambiente na internet, para meu Trabalho de Conclusão de Curso - Eco Magazine (Patrocínio: ONG Ecóleo)





O #meio@mbiente está na rede

Matéria | Camila Carpinelli, Daffne Sena, Estéfani Lozano e Renata dos Santos

Pesquisa da In Press Porter Novelli, em parceria com a E.life, mostra que a maioria dos brasileiros são membros do Orkut, mas costumam ficar mais tempo navegando no Twitter. No Brasil, o número de pessoas que entram nas redes sociais aumenta cada vez mais. De 2009 para 2010 a quantidade de gente nas redes aumentou 50%, divulgou estudo da comScore publicado neste ano.
Orkut, Twitter, Facebook, Myspace, Youtube, entre outros, são mídias sociais que permitem às pessoas se relacionarem virtualmente, em tempo real. Por meio destes canais de relacionamento é possível mandar mensagens para os amigos, trocar ideias e ficar sabendo das novidades sobre variados temas, projetos e pessoas.
 As redes sociais digitais têm papel importante na manifestação universal a favor do meio ambiente, como conta o jornalista Sérgio Abranches: “2009 foi o ano da explosão do Twitter e foi, também, a ocasião em que o movimento ambientalista mundial mostrou maior vigor e maturidade como parte da sociedade civil organizada globalmente. Essa sociedade só é possível por causa da existência das redes e mídias sociais, particularmente o Twitter e o Facebook”.
Existem mídias criadas exclusivamente com o objetivo de juntar pessoas que querem ajudar o planeta: BigChain, Cigno, Conexão Mata Atlântica e Made in Forest.


BigChain
“Sua história é uma ação social” é seu slogan. Com nome estrangeiro, para atrair pessoas do mundo todo, a rede foi criada no Brasil há apenas 5 meses. Pode ser traduzida para 34 línguas e consiste em reunir histórias de ações de cidadania e meio ambiente, em 16 categorias. Uma delas é Natureza/Meio Ambiente, a mais acessada e com mais conteúdo, o que demonstra o grande interesse das pessoas pelo tema.
Qualquer um pode criar comunidades, assim como no Orkut. Em relação à internet, a organização acredita que o engajamento em ações sociais, culturais e ambientais pode ser potencializado utilizando a rede como forma de unir e estimular pessoas em torno de objetivos comuns e com efeito multiplicador. Thiago Cancela, vice-presidente do projeto, aponta as diferenças entre as redes: “Enquanto no LinkedIn as pessoas se conhecem pelo histórico profissional e no Orkut mantêm contato através de fotos e mensagens genéricas, no BigChain elas se conhecem melhor por meio de suas atitudes sociais, tornando-se referência umas para as outras”.
O usuário Rodrigo Fontes, 28 anos, que gosta e participa de várias redes sociais, conheceu o site por meio de uma publicação interna da empresa onde trabalha. Ele escreveu uma história chamada “Menos um carro”, na qual relata que vendeu seu carro e comprou uma bicicleta para se deslocar e que isso ajudou sua saúde e o meio ambiente. A página é a mais acessada entre os membros. “Espero que meu ato sirva de influência para várias pessoas”, conta. O biólogo Ramon Garcia, 29 anos, ficou sabendo da rede em um congresso de educação. Ele criou a comunidade “Tá com pressa? Não vá de carro!”, e diz que a fez, pois chegou à conclusão de que “a vantagem do carro sobre o coletivo é apenas o conforto e para usar em situações específicas. Por outro lado, tem desvantagens, como o isolamento social, custos maiores de combustível e manutenção, estresse com assalto em semáforos, motoristas imprudentes etc”. João do Nascimento, técnico em meio ambiente e gestão ambiental, é um dos membros mais novos, com 19 anos. Ele criou a comunidade “Reciclagem” e diz que a categoria meio ambiente o atrai mais porque “esta temática é muito evidenciada atualmente, há um apelo pessoal para dinamizar essa de área, pois muitas pessoas estão conscientes de que não devem degradar o meio ambiente, mas infelizmente isto não é colocado em prática”. 


Cigno
Começou como um trabalho de conclusão de curso do aluno de Sistemas de Informação André Luiz Dallacorte, e virou uma rede permanente. Seu objetivo, segundo o texto que se encontra em sua página inicial é “ajudar na preservação ambiental, oferecendo aos usuários um espaço onde possam contribuir, compartilhar e aprender sobre as mais diversas formas de proteger o nosso planeta”.
Lançada este ano, no Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, a ideia era que ficasse limitada à Unichapecó, instituição na qual Dallacorte estuda, mas acabou alcançando pessoas de fora, pois a internet, pela sua grande abrangência, permitiu que indivíduos de qualquer parte do país pudesse acessar e participar. O analista de sistemas explica que, “com base na análise da crescente disseminação das redes sociais, bem como a importância que a preservação ambiental vem ganhando na mídia, surgiu a ideia do desenvolvimento da rede”, em setembro do ano passado.
Em outubro, com quatro meses de existência, a rede contava com a participação de 278 pessoas e 11 empresas. No site é possível escrever ações que você aplica no cotidiano e são ecologicamente corretas, postar vídeos e fotos com essa temática. Ela não tem comunidades, se resume a mandar mensagens para outros membros e colocar suas ações.
Marcio Dupont tem um blog onde se pode encontrar outras dicas de redes: www.marciodupont.blogspot.com (Foto: Arquivo Pessoal)
Marcio Dupont, 40 anos, designer de produto sustentável, sempre está atrás de redes sociais desse tipo e assim descobriu a Cigno. Ele crê que uma rede social online, possibilitando troca de informações, gera conscientização e só “assim há um envolvimento pessoal em diferentes causas, gerando novas dinâmicas de atitudes relacionadas ao consumo e descarte, permitindo ações voltadas ao voluntariado e mobilizando muitas pessoas”. Na opinião da fotógrafa Sandra Pagano, 40 anos, o site tem uma boa proposta e completa dizendo que “contribuir com o planeta não depende somente das empresas e governos, depende também da ação de cada cidadão. Sozinho ninguém é coisa alguma, mas se cada um fizer a sua parte podemos minimizar o estrago causado”. A geógrafa, Daniela Gama, 31 anos, escreve várias ações que pratica a favor do meio ambiente e declara: “Tanto as minhas ações podem servir de exemplo, como eu sempre fico sabendo de ações novas através dos meus contatos, e isso me motiva a continuar na rede e a estar sempre convidando os amigos a participarem”. Interessante destacar que todos estes membros não são da Unichapecó.


Conexão SOS Mata Atlântica
A rede social criada pela ONG SOS Mata Atlântica surgiu em maio deste ano e divulgada no Viva a Mata - evento anual realizado pela ONG - que este ano foi no Parque Ibirapuera. A ideia foi sugerida pelo vice-presidente da organização, Pedro Passos, no final do ano passado. Em parceria com a Educartis – empresa de logística de conhecimentos e gestão de comunidades – conseguiu-se realizar o projeto. Ana Ligia Scachetti, diretora de comunicação da SOS Mata Atlântica, explica que “o objetivo é reunir nossos vários públicos de relacionamento - funcionários, voluntários e qualquer pessoa que se interesse por questões ambientais - em um espaço virtual que possa ser acessado de qualquer ponto e promover a geração e troca de conhecimentos entre estas pessoas”.
Em outubro, com 5 meses de existência, o site já continha 7.300 membros. “Qualquer pessoa é bem-vinda. Mesmo quem não sabe muito sobre meio ambiente e quer aprender, pode entrar. Há uma série de grupos abertos a todos, divididos por temas”, esclarece Ana. São 21 grupos ao todo. Eventos e entrevistas são transmitidos por vídeo e armazenados no site. Na rede foi realizado um concurso para ir ao SWU, o que atraiu mais gente para a Conexão, principalmente jovens. Numa barra localizada no canto inferior direito se encontra um bate-papo onde você vê quem está online e pode conversar com os outros usuários que estiverem disponíveis.
Lemuel Santos é um dos usuários mais ativos da Conexão Mata Atlântica (Foto: Arquivo Pessoal)
Lemuel Santos, 31 anos, é funcionário da SOS Mata Atlântica e, por conta disso, inevitavelmente ficou sabendo da existência do projeto. O educador ambiental diz que isso ajuda muito em seu trabalho pela troca de informações, experiências e ideias. “Vejo muita coisa boa para acontecer, oportunidades, possibilidades, várias formas de aprender e ensinar, através desta rede”, prevê Santos. Já a advogada Carina Cancela, 25 anos, descobriu o site graças ao boletim Ecos da Mata, produzido pela própria ONG. Ela enfatiza que a importância de uma rede social desenvolvida por entidades como a SOS Mata Atlântica é imensurável quanto à conscientização ambiental, e acredita ser necessário que pessoas atuantes nessa área utilizem este mecanismo para conquistar a atenção da massa para este tema. Manuel Costa, oficial administrativo, de 37 anos, é autor de um dos tópicos mais comentados da Conexão, o “A Mata Atlântica está acabando”. O rapaz tem esperanças de que sua participação possa contribuir para o debate ambiental, no sentido de elevar o nível da discussão em torno de assuntos-chave e acabar influenciando políticas públicas para o meio ambiente.


Made in Forest
Pelo nome, parece ser coisa de gringo, mas foi feito aqui, no Brasil, pelos empresário Fábio Biolcati e Martin Mauro. Lançada em fevereiro deste ano, esta é considerada a primeira rede social ambiental brasileira, mas pode ser traduzida para 52 idiomas e pessoas de cerca de 60 países já visitam a página.
O objetivo do projeto é organizar e disponibilizar em um único lugar na internet iniciativas, projetos e ações que envolvam o meio ambiente, uma forma de vida mais sustentável, divulgar e melhorar a comunicação entre ONGs ambientais, empresas e cidadãos que se preocupam com o planeta. “Este tema (meio ambiente) é de tanta importância para a sociedade atual que as redes sociais são uma pequena parcela de vários movimentos espalhados”, declara Biolcati. Promovendo esse encontro de movimentos, atualmente a rede reúne mais de 25 mil membros de várias partes do mundo. Você pode escolher entre categorias de interesse: eco produtos, eco serviços, educação ambiental, ONGs, reciclagem, voluntariado e outros.
Em setembro, o site iniciou o Censo Verde, uma “ação voluntária para divulgar ONGs ambientais e suas ações, empresas que trabalham com produtos e serviços ligados ao meio ambiente, sustentabilidade, eco turismo e eco educação; e também identificar pontos de coleta de materiais recicláveis em todas as cidades do Brasil”, explica Biolcati.
Maria Paiva, 37 anos, é administradora de empresas e entrou na rede para trocar informações e experiências com outros profissionais. Por meio dela ficou sabendo do Eco Business e lá conheceu os idealizadores do projeto. Maria comenta que a importância do site é a “disseminação do assunto de forma interativa e dinâmica. Algo que só as redes sociais permitem fazer”. O empresário João Resende, 54 anos, estava procurando no Google um meio para divulgar seu trabalho – o Planeta Biodiesel, que fabrica mini-usinas de biodiesel –, e encontrou a rede. Resende declara: “Entre vários lugares, a Made in Forest me passou uma seriedade na proposta e não um oportunismo sobre o assunto”. Gustavo Laurenti, aluno de economia, 25 anos, deparou-se com o site durante uma pesquisa sobre resíduos sólidos para sua monografia. Ele faz uma sugestão: “Acredito que a iniciativa é boa, mas para ganhar força deveria realizar eventos, conforme o número de adeptos for aumentando”.


    Todas essas alternativas, ainda desconhecidas por alguns, foram criadas este ano e têm diferentes modos de interação, mas o mesmo objetivo: promover o encontro de pessoas preocupadas em fazer algo melhor pelo meio ambiente. 


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