Restaurando a história

Matéria que fiz para o jornal "Cidadão", da Universidade Cruzeiro do Sul (Campus São Miguel Paulista), em 2009: 

 Nosso patrimônio!



 Restaurando a história
   A atual restauração da Capela de São Miguel Arcanjo começou em 2006 e tem previsão de entrega para o segundo semestre deste ano. O projeto é uma iniciativa da ACBJA (Associação Cultural Beato José de Anchieta), que foi criada com o objetivo de descobrir as histórias que rodeiam a capela.
   Um Circuito de visitação será aberto para que todos desfrutem da história e das descobertas feitas na Capela mais antiga da cidade de São Paulo.

Restauração da estrutura
   A primeira fase consistiu em restaurar a estrutura da Capela: edificação, rede elétrica, elementos artísticos, teto, piso e o acervo de imagens.
   Vidros foram colocados no vão lateral para proteger o interior da igreja do pó e dos insetos e sistemas de escoamento de água foram instalados para que a chuva não estrague a madeira da fachada.  
   Foram restaurados: os forros e outras estruturas de madeira (portas, janelas...) ferragens originais, etc.
   Preservaram os nichos, que são cavidades feitas na parede e tem diferentes tamanhos. Nos grandes se guardavam pertences e objetos valiosos, nos médios ficavam as imagens e os pequenos usavam para iluminação. Deixaram à mostra uma parte da parede original, feita de taipa de pilão onde foram encontrados pedaços de madeira, palha e crina de cavalo.
   Na parte onde tem as janelas e o óculo - abertura redonda que fica na frente da capela – se pode ver uma pia batismal e de água benta do século XVII. Naquele mesmo espaço tem altares laterais com pinturas feitas pelos jesuítas, que não tinham sido descobertas na primeira restauração entre 1939 e 1940, feita pelo arquiteto Luis Saia, pois estavam cobertas com uma tinta cinza, e querubins feitos de madeira, considerados por Mário de Andrade a primeira obra legitimamente brasileira.
   Pedras da época, que ficavam dentro da capela, foram colocadas em volta dela para não desgastar com a movimentação das pessoas. O único piso original é o da sacristia, nem se pode pisar nele. Pisos novos, semelhantes aos antigos, foram colocados nesta restauração porque a pedreira, que fica em Itu, de onde eram extraídas as pedras e os pisos foi tombada pela Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), onde agora fica o Parque do Varvito.
   Na restauração foram feitas escavações arqueológicas onde se descobriu corpos de três índios (enterrados novamente), além de porcelanas portuguesas, utensílios usados pelos índios, pedaços de louças e cerâmicas, conchas que estão sendo estudadas, cabelos, entre outras coisas.

Circuito de visitação
   A segunda fase do projeto é transformar a Capela num Circuito de visitação para mostrar o que foi achado e para que a história seja contada para todos. Para visitar o espaço precisará pagar uma taxa, ainda não definida, que será usada para a manutenção do restauro.
   A capela tem os objetos mais antigos do Brasil, como a mesa da sacristia, e é uma das construções mais antigas do Estado de São Paulo e a mais velha da cidade, por isso o museu será muito mais moderno e seguro que os outros.
   A recepção do Circuito será nos fundos do templo onde está sendo feito um anexo. Placas foram postas para guiar os turistas e as pessoas que quiserem conhecer a igreja.
   Segundo o Grupo Votorantim serão utilizados painéis, vitrines e placas que estimulem o interesse do visitante em conhecer e explorar o edifício e sua trajetória. Também se pretende mostrar o resultado das pesquisas arqueológicas realizadas. O circuito ainda terá recursos digitais das informações reunidas e catalogadas, para que o visitante possa ter contato com temas distintos como: religiosidade e fé, social e histórico, arte e técnica. O objetivo é que o visitante conheça todo o conjunto e o patrimônio tombado.
   A Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra foi restaurada por causa da capela. Ela foi rebaixada na frente para dar mais destaque à capela e as árvores foram reorganizadas.
   As obras levaram mais de dois anos, com investimento de aproximadamente R$ 3 milhões. Os patrocinadores são a Petrobras, Itaú, Votorantim Metais e Nitro Química. A gestão cultural é da Formarte e execução da Concrejato. Cerca de cinquenta profissionais, entre engenheiros, arquitetos, restauradores, historiadores e arqueólogos estão envolvidos na obra.

A Capela agora está no Instagram: @capelasaomiguelpaulista

Comentários